Pular para o conteúdo principal

Sobre Nossas Tarefas de Organização

V.I. Lenine

Do escrito "Carta a Um Camarada" de setembro de 1902, disponível na integra em: http://www.marxists.org/portugues/lenin/1902/09/carta.htm

Caro camarada! Atendo com satisfação o pedido de crítica ao seu projeto de "Organização do Partido Revolucionário de São Petersburgo". (Você pensava, provavelmente, na organização do trabalho do POSDR em São Petersburgo). A questão por você levantada é de tal importância que deveriam discutí-la também todos os membros do comitê de São Petersburgo e, inclusive, todos os social-democratas russos em geral.

Primeiramente assinalarei minha completa concordância com sua explicação sobre a inutilidade da organização anterior da "União" ("de círculos" como a denomina). Você chama a atenção para a ausência de uma séria preparação e de uma educação revolucionária entre os operários de vanguarda, para o assim chamado sistema eleitoral tão orgulhosa e veementemente defendido pelos membros do Rabotchéie Diélo em nome dos princípios "democráticos" e, a alienação dos operários de todo trabalho ativo.

Trata-se exatamente disso: 1) a ausência de uma preparação séria e de uma educação revolucionária (não somente entre os operários, como também entre os intelectuais); 2) a utilização inadequada e excessiva do princípio eleitoral; e 3) o afastamento dos operários da verdadeira atividade revolucionária. [...]

Estou de pleno acordo com você quando diz que devemos assinalar principalmente as tarefas ao nível de toda a Rússia e de todo o partido em geral. Isso se expressa no primeiro ponto de seu projeto que diz: "O centro dirigente do partido (e não apenas de um comitê ou de uma região) é o jornal Iskra, que possui correspondentes permanentes entre os operários e está estreitamente ligado com o trabalho interno da organização". Eu só faria uma ressalva, a de que o jornal pode e deve ser o dirigente ideológico do partido, desenvolvendo as verdades teóricas, as situações táticas, as idéias organizacionais gerais, as tarefas gerais de todo o partido, neste ou naquele momento. Quanto ao dirigente prático direto do movimento, somente pode ser um grupo central especial (chamemo-lo até mesmo de Comitê Central), que se relacione pessoalmente com todos os comitês, que integre em seu seio as melhores forças revolucionárias de todos os social-democratas russos e comande todos os assuntos partidários: a distribuição da literatura, a edição de panfletos, a distribuição das forças, a nomeação de pessoas e grupos para a direção de empreendimentos especiais, a preparação de manifestações de caráter nacional e também da insurreição em toda a Rússia, etc. Frente a necessidade de manter o mais rigoroso caráter conspirativo e assegurar a continuidade do movimento, poderão e deverão existir em nosso partido dois centros dirigentes: o OC (Órgão Central) e o CC (Comitê Central). O primeiro deverá dirigir ideologicamente, o segundo prática e diretamente. A unidade de ação e a necessária identificação entre esses dois grupos deverão ser asseguradas não somente pelo programa único do partido, mas também pela composição de ambos os grupos (é necessário que, tanto no OC quanto no CC, existam pessoas plenamente identificadas entre si); e pela organização de reuniões regulares e constantes entre eles. Somente então, por um lado, o OC colocar-se-á fora do campo de ação dos gendarmes russos, o que lhe proporcionará serenidade e continuidade e, por outro, o CC será sempre solidário com o OC em tudo que é fundamental e estará suficientemente livre para assumir o comando direto de todo o aspecto prático do movimento.

Por isso seria desejável que o primeiro ponto do estatuto (conforme o seu projeto), não somente indicasse o órgão do partido reconhecido como dirigente (claro que é necessário essa indicação), mas também que a organização local estabeleça como sua tarefa trabalhar ativamente para a construção, apoio e fortalecimento daqueles organismos centrais, sem os quais o nosso partido não pode existir enquanto tal.

Em seguida, no segundo ponto, sua carta fala sobre o comitê que deve "dirigir a organização local" (seria melhor dizer, talvez, "todo o trabalho local e todas as organizações locais do partido", mas não vou me deter sobre detalhes da formulação) e que ele deve ser composto tanto de operários quanto de intelectuais, pois sua divisão em dois comitês é nociva. Isso é total e incondicionalmente justo. O comitê do POSDR deve ser único, e nele devem estar social-democratas plenamente conscientes, dedicados inteiramente à ação social-democrata. É necessário esforçar-se de modo especial para conseguir que cheguem a ser revolucionários plenamente conscientes, profissionais e entrem no comitê o maior número possível de operários. Nas condições de um comitê único e não duplo, a questão dos contatos pessoais dos membros do comitê com grande número de operários assume significado especial. Para dirigir tudo aquilo que acontece no meio operário, é necessário ter a possibilidade de estar em todas as partes, é necessário conhecer muita gente, ter todos os caminhos, etc. Por essa razão, deverão estar no comitê todos os principais chefes do movimento operário oriundos da própria classe operária, o comitê deverá dirigir todos os aspectos do movimento local, chefiar todos os organismos, todas as forças e todos os meios locais do partido. Sua carta não fala de como deverá compor-se o comitê; é possível que também aqui estejamos de acordo, pois para isso não são necessárias normas especiais, já que a composição dos comitês é um assunto dos social-democratas locais. Talvez bastaria indicar que os novos membros serão cooptados por decisão da maioria do comitê (ou de 2/3, ou algo semelhante), que este deverá preocupar-se com a transferência de todos seus contatos a um local seguro (no sentido revolucionário) e propício (no sentido político), e também deverá preparar antecipadamente seus suplentes. Quando tivermos nossos OCs e CCs, os novos comitês só deverão formar-se através de sua participação e consentimento. O número de membros do comitê deverá ser, na medida do possível, não muito grande (para que o nível dos membros seja alto e sua especialização na profissionalização revolucionária completa), mas ao mesmo tempo suficiente para garantir a direção de todos os aspectos do movimento e assegurar a riqueza das reuniões e a firmeza das decisões. Caso o número dos membros seja elevado e as reuniões freqüentes se tornem perigosas, conviria destacar do seio do comitê um grupo dirigente especial, muito reduzido (digamos cinco pessoas, ou talvez menos), do qual deveria fazer parte necessariamente o secretário e as pessoas mais capacitadas para a direção prática do conjunto do trabalho. Para esse grupo seria especialmente importante assegurar os suplentes, no caso de queda, para que o trabalho não se interrompa. As reuniões gerais do comitê ratificariam as decisões do grupo dirigente, determinariam sua composição etc.

Em seguida, depois do comitê, na sua carta são propostos os seguintes organismos subordinados a ele: 1) discussão (reunião dos "melhores" revolucionários); 2) círculos de distrito; 3) um círculo de propagandistas para cada um deles; 4) círculos de fábrica, e 5) "reuniões representativas" dos delegados dos círculos de fábrica de dado distrito. Estou plenamente de acordo quanto à idéia de que todos os outros organismos (e eles deverão ser muito e dos mais variados, além daqueles já citados por você) deverão estar subordinados ao comitê, e que são necessários os grupos distritais (para cidades muito grandes) e de fábrica (sempre e por todas as partes). Há, entretanto, alguns detalhes com os quais não concordo. Por exemplo, no que concerne à "discussão", penso que tal organismo não é absolutamente necessário. Os "melhores revolucionários" deverão estar todos no comitê ou em funções especiais (impressão, transporte, agitação itinerante, organização, por exemplo, do birô de passaportes ou as brigadas de luta contra os espiões).

[...]

Prossigamos. É totalmente justa sua exigência de que se permita a "quantos o desejam" a possibilidade de enviar diretamente correspondência à Iskra. Entretanto, o "diretamente" não subentende facilitar o contato com a Redação e seus endereços a "quantos o desejam", mas será obrigatório transmitir (ou fazer chegar) à Redação as cartas de quantos o desejem. Aliás, os endereços não devem ser dados amplamente a quantos o quiserem, mas somente aos revolucionários seguros e destacados por sua excepcional habilidade conspirativa, e talvez, não somente a um por região, como quer em sua carta, mas em vários. É necessário também que todos aqueles que participam do trabalho, todos e cada um dos círculos, tenham o direito de fazer chegar suas decisões, seus desejos, suas dúvidas ao conhecinento tanto do comitê, como do OC e do CC. [...] No que se refere aos grupos distritais, estou de pleno acordo quando diz que uma de suas tarefas essenciais é a correta difusão de literatura. Penso que os grupos distritais deveriam ser fundamentalmente intermediários entre os comitês e as fábricas e, antes de mais nada órgãos transmissores. Sua primeira tarefa deverá se organizar conspirativamente uma correta distribuição da literatura recebida do comitê. Tarefa do mais alto grau de importância porque, se é garantida a ligação regular do grupo especial de distribuidores do distrito com todas as fábricas e com o maior número possível de bairros operários do mesmo distrito, isto assumirá uma importância imensa tanto para as manifestações como para a insurreição. Estabelecer e organizar uma difusão rápida e correta da literatura, dos panfletos, das proclamas, etc., educar para isso toda uma rede de agentes significará realizar mais da metade da tarefa de preparação de futuras manifestações e da insurreição. Em momentos de sublevação, de greves, de agitação, é tarde para iniciar a distribuição de literatura, pois isso só pode ser aprendido pouco a pouco, sendo feito necessariamente duas a três vezes por mês. Não existindo jornal pode-se e deve-se fazer isso com volantes, mas sem permitir, de modo algum, que o aparelho de distribuição permaneça inativo. É necessário o esforço de aperfeiçoar a um tal grau esse aparelho de modo que numa só noite toda a população operária de São Petersburgo possa ser informada e mobilizada. E isto não é de modo algum uma tarefa utópica, à medida que os panfletos sejam sistematicamente transmitidos do centro aos mais restritos círculos intermediários e destes aos distribuidores. [...]

A propaganda deverá ser feita de forma uníssona por todo o comitê, a quem corresponde centralizá-la rigorosamente. Por isso imagino que deverá ser assim: o comitê atribui a alguns de seus membros a organização de um grupo de propagandistas (que será uma filial do comitê ou um dos organismos deste. Este grupo, utilizando por razões conspirativas os serviços dos grupos distritais, deverá efetuar a propaganda em toda a cidade, em toda a localidade que está "sob a direção" do comitê.

Se necessário, esse grupo poderá criar sub grupos, transferir a outros suas funções, mas tudo isso sob condição de que tais medidas sejam ratificadas pelo comitê, o qual deverá ter sempre, incondicionalmente, o direito de enviar um delegado seu a cada grupo, sub grupo ou círculo que de um modo ou de outro participe do movimento. E com relação ao tipo de atribuições, as seções filiais ou de organismos do comitê, deverão organizar também todos os diversos grupos que servem ao movimento, grupo de estudantes e grupo de secundaristas, assim como grupos de funcionários auxiliares, os grupos de transporte, de imprensa, os dedicados à organização de aparelhos, grupos de contra-espionagem, grupos de militares, de fornecimento de armas e aqueles criados para organizar "empresas financeiras rentáveis", etc. Toda a arte de uma organização conspirativa consiste em saber utilizar tudo e todos, em "dar trabalho a todos e a cada um", conservando o mesmo tempo a direção de todo o movimento, e isto entenda-se, não pela força do poder, mas pela força da autoridade, por energia, maior experiência, amplidão de cultura, habilidade. Esta observação está relacionada com uma contestação possível e comum: a de que uma centralização rigorosa possa destruir um trabalho com excessiva facilidade, se casualmente no centro se encontre uma pessoa incapaz, possuidora de imenso poder. É claro que isso é possível, mas o remédio contra isso não pode ser o princípio eleitoral e a descentralização, absolutamente inadmissíveis e inclusive nocivas ao trabalho revolucionário sob a autocracia. O remédio contra isso não se encontra em nenhum estatuto. Somente podem nos fornecer parâmetros "críticas fraternas" começando com resoluções de todos os grupos e sub grupos, seguidas de conclamações ao OC e CC e terminando, "na pior das hipóteses", com a destituição da direção completamente incapaz. O comitê deve esforçar-se para realizar a mais completa divisão de trabalho possível, lembrando-se que para os vários aspectos do trabalho revolucionário são necessárias diferentes capacidades. Algumas vezes, pessoas completamente incapazes como or-ganizadoras podem ser excelentes agitadoras, ou outras incapazes para uma severíssima disciplina conspirativa, ser excelentes propagandistas, etc. Quanto aos propagandistas, ainda gostaria de dizer algumas palavras contra a tendência usual de abarrotar essa profissão com pessoas pouco capazes rebaixando com isso, o nível da propaganda. Às vezes, entre nós, qualquer estudante indiscriminadamente é considerado propagandista, e todos os jovens exigem que se lhes "dê um círculo", etc. Temos que lutar contra essa prática, pois são muitos os males que daí advém. As pessoas realmente firmes quanto aos princípios, e capazes de ser propagandistas são muito poucas (e para chegar a sê-lo é preciso estudar muito e acumular experiência), e a estas pessoas é necessário especializá-las, ocupar-se delas e cuidá-las com zelo. É preciso organizar várias aulas por semana para esse tipo de pessoas, saber enviá-las oportunamente a outra cidade e, no geral, organizar visitas das mais hábeis propagandistas pelas diversas cidades. [...]

Passemos agora aos círculos de fábrica. Estes são particularmente importantes para nós; já que a força fundamental do movimento reside no grau de organização dos operários das grandes fábricas, nas quais se concentra a parte mais importante da classe operária, não só quanto ao número como também por sua influência, grau de desenvolvimento e capacidade de luta. Cada fábrica deverá ser para nós uma fortaleza. E, para isso, a organização operária "de fábrica" deverá ser tão conspirativa em seu interior, quanto "ramificada" no seu exterior, isto é, nas suas relações externas deverá levar seus tentáculos tão longe e nas mais diferentes direções, quanto qualquer outra organização revolucionária. [...]

Segundo meu ponto de vista, o tipo geral de organização deverá ser o seguinte: à cabeça de todo o movimento local, de todo o trabalho social-democrata encontrar-se-á o comitê. Dele partirá seus organismos subordinados e as secções filiadas, sob a forma de: em primeiro lugar, uma rede de agentes executivos que abarcará (no possível) toda a massa operária e organizada sob a forma de grupos distritais e subcomitês de fábrica. Nos tempos de paz, essa rede de agentes irá difundir a literatura, panfletos, proclamações e informações conspirativas do comitê; em tempos de guerra, organizará manifestações e outras ações coletivas. Em segundo lugar, sairá do próprio comitê uma série de círculos e grupos que sirvam para assegurar os diversos aspectos do movimento (propaganda, transportes, as mais variadas atividades clandestinas, etc.). Todos os grupos, círculos, subcomitês, etc., deverão ser organismos ou sessões filiais do comitê. Alguns deles manifestarão claramente seu desejo de filiar-se ao partido operário social-democrata russo e desde que aprovados pelo comitê, passarão a integrar o partido, recebendo (por determinação do comitê ou por acordo com ele) determinadas funções, obrigando-se a submeter-se às decisões dos organismos do partido, passarão a ter os mesmos direitos de todos os membros do partido, e serão considerados os mais próximos suplentes de membros do comitê, etc.. Outros, cuja situação é de círculos organizados por membros do partido ou ligados a este ou àquele grupo do partido, não se filiarão ao partido social-democrata russo.

[...]

Para que o centro possa não somente aconselhar, convencer e discutir (como se faz até agora), mas efetivamente dirigir a orquestra, é necessário que se conheça exatamente quem conduz os violinos onde e como, quem aprendeu e aprende cada um dos instrumentos, onde e como o faz, quem (quando a música começa a desafinar) é responsável pela desafinação e quem é necessário mudar para a correção das dissonâncias. Atualmente, sejamos francos, nós ou não sabemos nada sobre o trabalho interno efetivo do comitê, exceto suas proclamações e suas correspondências gerais, ou somente sabemos algo através de informações pessoais de amigos e conhecidos. Pois bem, seria ridículo que um imenso partido capaz de dirigir o movimento operário russo e preparar a ofensiva geral contra a autocracia, possa se limitar a isso. A reorganização do comitê de São Petersburgo e todos os demais comitês do partido deverá consistir no seguinte, e esta é também a razão pela qual tem tão pouca importância o problema dos estatutos: em reduzir o número de membros do comitê; atribuir, na medida do possível, a cada um deles, determinada função da qual ele dá conta e seja responsável; criar um centro especial reduzidíssimo e dirigente de tudo; organizar uma rede de agentes executivos que vinculem o comitê com cada grande fábrica, que se ocupem regularmente da distribuição de literatura e dêem ao centro um quadro exato e preciso dessa difusão e de todo o mecanismo de trabalho; e por último, criar numerosos grupos e círculos que assumam diversas funções ou agrupem as pessoas próximas à social-democracia, ajudando-as e preparando-as para chegar e converter-se em social-democratas, de tal modo que o comitê e o centro estejam sempre a par das atividades (e da composição) desses círculos.

[...]

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme: Terra e Liberdade

Sem dúvida um dos melhores filmes sobre a Guerra Civil Espanhola, "Terra e Liberdade" tem como diretor Ken Loach que já dirigiu outros belos filmes como "Ventos da Liberdade" sobre a luta pela independência da Irlanda em 1920. Adaptação do livro Lutando na Espanha de George Orwell que narra sua participação na Guerra Civil Espanhola, o do filme mostra a história de David Carr (Ian Hart), um desempregado londrino membro do Partido Comunista da Grã-Bretanha. David deixa a cidade de Liverpool e ruma a Espanha, justamente para participar da guerra lutando ao lado dos republicanos. A história é vista através das descobertas feitas por sua neta. Ela encontra cartas, jornais, documentos e um punhado de terra em seu quarto, após sua morte. E toda a história de Carr vai sendo reconstruída através da leitura destes escritos descobertos pela neta (Suzanne Maddock), e assim, há uma reconstrução de parte da História da Guerra Civil. Ficha Técnica: Gênero: Drama/Guerra

Burgueses e proletários[i] - Marx e Engels

Trecho do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, disponível em: http://www.marxists.org/portugues/marx/index.htm A história de toda sociedade [ii] existente até hoje tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e aprendiz, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou pela transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta. Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, aprendizes, servos; e, em cada uma destas classes, outras camadas subordinadas. A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruí­nas

A ORDEM SOCIAL CAPITALISTA

Capitulo I do livro "ABC DO COMUNISMO" obra dos dois dirigentes e teóricos de economia do Partido Bolchevique russo, foi escrita em 1919 para ser usada nos cursos básicos do partido. Disponível em: http://www.marxists.org/portugues/bukharin/index.htm N. Buckarin[1] e E. Preobrazhenski[2] A produção de mercadorias Quando examinamos como se desenvolve a produção numa ordem social capitalista, vemos que, antes de tudo, aí se produzem mercadorias . “Que há nisto de especial?” poderiam perguntar. O que há de especial é que a mercadoria não é um produto qualquer, mas um produto que se destina ao mercado . Um produto não é uma mercadoria, desde que seja feito para atender à nossa própria necessidade. Quando o camponês semeia o seu trigo, depois de o colher e de o debulhar, mói o grão e fabrica o pão para si mesmo, tal pão não é uma mercadoria, é simplesmente pão. Só se tornará mercadoria quando vendido e comprado, isto é, quando for produzido para o comprador, para o merc