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O IMPERIALISMO E A CISÃO DO SOCIALISMO



V. I. Lenin

Escrito em Outubro de 1916.
Publicado em Dezembro de 1916, em Sbórnik Sotsial-Demokrata, num. 2.

Existe alguma relação entre o imperialismo e a monstruosa e repugnante vitória que o oportunismo (em forma de socialchauvinismo) obteve sobre o movimento operário na Europa?
Este é o problema fundamental do socialismo contemporâneo. Após termos deixado plenamente assente na nossa literatura partidária, em primeiro lugar, o caráter imperialista da nossa época e da guerra atual, e, em segundo lugar, o nexo histórico indissolúvel que existe entre o socialchauvinismo e o oportunismo, bem como a sua igualdade de conteúdo ideológico e político, podemos e devemos passar a examinar este problema fundamental.
Há que começar por definir, do modo mais exato completo e possível, que é o imperialismo. O imperialismo é uma fase histórica especial do capitalismo. O seu caráter específico tem três peculiaridades: o imperialismo é 1) capitalismo monopolista; 2) capitalismo parasitário ou em decomposição; 3) capitalismo agonizante. A substituição da livre concorrência pelo monopólio é o traço econômico fundamental, a essência do imperialismo. O monopolismo manifesta-se em cinco formas principais: 1) cartéis, sindicatos e trustes; a concentração da produção alcançou tal grau que dá origem a estas associações monopolistas dos capitalistas; 2) situação monopolista dos grandes Bancos: de três a cinco Bancos gigantescos manejam toda a vida econômica dos EUA, da França e da Alemanha; 3) apropriação das fontes de matérias primas pelos trustes e a oligarquia financeira (o capital financeiro é o capital industrial monopolista fundido com o capital bancário); 4) iniciou-se a repartição (econômica) do mundo entre os cartéis internacionais. Já são mais de cem os cartéis internacionais que dominam todo o mercado mundial e o repartem "amigavelmente" entre eles, até que a guerra o redistribua! A exportação do capital, como fenômeno particularmente característico, diferente da exportação de mercadorias sob o capitalismo não monopolista, guarda estreita relação com a divisão econômica e político-territorial do mundo. 5) Foi concluída a divisão territorial do mundo (das colônias).
O imperialismo, como fase superior do capitalismo na América do Norte e na Europa, e depois na Ásia, formou-se plenamente no período 1898-1914. As guerras hispano-norte-americana (1898), anglo-bóer (1899-1902) e russo-japonesa (1904-1905), e a crise econômica da Europa em 1900, são os principais conflitos históricos desta nova época da história mundial.
Que o imperialismo é o capitalismo parasitário ou em decomposição manifesta-se, antes de tudo, na tendência à decomposição que distingue todo o monopólio no regime da propriedade privada sobre os meios de produção. A diferença entre a burguesia imperialista democrático-republicana e a monárquico-reacionária apaga-se, precisamente, porque uma e outra apodrecem vivas (o que não elimina, em modo nenhum, o desenvolvimento espantosamente rápido do capitalismo em certos ramos industriais, em certos países, em certos períodos). Em segundo lugar, a decomposição do capitalismo manifesta-se na formação de um enorme setor de rendistas, de capitalistas que vivem de "cortar cupões". Nos quatro países imperialistas avançados —Inglaterra, os EUA, França e a Alemanha—, o capital em ações acumula, em cada país, de cem a cento e cinqüenta bilhões de francos, o que significa, pelo menos, uma renda anual de cinco a oito bilhões de francos. Em terceiro lugar, a exportação de capital é o parasitismo elevado ao quadrado. Em quarto lugar, "o capital financeiro tende à dominação, e não à liberdade". A reação política em toda a linha é traço característico do imperialismo. Corrupção, suborno em proporções gigantescas, panamás[1] de todos os tipos. Em quinto lugar, a exploração das nações oprimidas, ligada indissoluvelmente às anexações e, sobretudo, a exploração das colônias por um punhado de "grandes" potências, converte cada vez mais o mundo "civilizado" num parasita que vive sobre o corpo de centenas de milhões de homens dos povos não civilizados. O proletário romano vivia à custa da sociedade. A sociedade atual vive à custa do proletário moderno. Marx sublinhava especialmente esta profunda observação de Sismondi[2]. O imperialismo modifica algo a situação, uma camada privilegiada do proletariado das potências imperialistas vive, em parte, à custa das centenas de milhões de homens dos povos não civilizados.
Fica claro por que é que o imperialismo é um capitalismo agonizante, em transição para o socialismo: o monopólio, que nasce do capitalismo, já é capitalismo agonizante, o começo de sua transição ao socialismo. O mesmo significado tem a gigantesca socialização do trabalho realizada pelo imperialismo (o que os seus apologistas, os economistas burgueses, chamam "interpenetração").
Ao definir deste modo o imperialismo, colocamo-nos em plena contradição com C. Kautsky, que resiste a considerar o imperialismo como uma "fase do capitalismo" e o define como política "preferida" do capital financeiro, como tendência dos países "industriais" a anexar os países "agrários"[3]. Do ponto de vista teórico, esta definição de Kautsky é completamente falsa. A peculiaridade do imperialismo não é precisamente o domínio do capital industrial, mas o do capital financeiro, precisamente a tendência para anexar não apenas países agrários, senão todos os tipos de países. Kautsky separa a política do imperialismo da sua economia, separa o monopolismo em política do monopolismo em economia, para livrar o caminho ao seu vulgar reformismo burguês tal como o "desarmamento", o "ultra-imperialismo" e outros disparates do mesmo gênero. O propósito e o objeto desta falsidade teórica reduz-se exclusivamente a dissimular as contradições mais profundas do imperialismo e a justificar deste jeito a teoria da "unidade" com os seus apologistas: com os oportunistas e social-chauvinistas descarados.
Já falamos bastante desta ruptura de Kautsky com o marxismo, tanto no Sotsial-Demokrat como no Kommunist [4]. Os Nossos kautskianos russos, os adeptos do Comitê de Organização [5] (C.O) com Axelrod e Spectator[6] à frente, sem excluir Mártov e, em grau considerável, Trotski, preferiram manter um discreto silencio sobre a questão do kautskismo como tendência. Não se atreveram a defender o que Kautsky escreveu durante a guerra limitando-se simplesmente a elogiar Kautsky (Axelrod na sua brochura alemã que o Comitê de Organização[7] se comprometeu a publicar em russo) ou aludir a cartas particulares de Kautsky (Spectator) em que afirma pertencer à oposição e trata de anular jesuisticamente as suas declarações chauvinistas.
Observamos que, na sua "interpretação" do imperialismo —que equivale a embeleza-lo—, Kautsky retrocede não só em relação a O capital financeiro de Hilferding (não importa o quanto o mesmo Hilferding se empenhe em defender agora Kautsky e a "unidade" com os social-chauvinistas!), mas também em comparação ao social-liberal J. A. Hobson. Este economista inglês, que nem de longe pretende ganhar o título de marxista, define o imperialismo, e revela suas contradições, de um modo muito mais profundo na sua obra de 1902.[8] Vejamos o que este escritor (em cujas obras podemos encontrar quase todas as vulgaridades pacifistas e "conciliadoras" de Kautsky) sobre a questão, de singular importância, a natureza parasitária do imperialismo:
Dois tipos de circunstancia enfraqueceram, na opinião de Hobson, o poder dos antigos impérios:
1) o "parasitismo econômico"
2) a formação de exércitos com homens dos povos dependentes.
A primeira circunstancia é o costume do parasitismo econômico, pelo qual o Estado dominante utiliza as suas províncias, as suas colônias e os países dependentes, com o intuito de enriquecer a sua classe dirigente e de subornar as suas classes inferiores para elas ficarem quietas.
Referindo-se à segunda circunstancia Hobson escreve:
Um dos sintomas mais estranhos da cegueira do imperialismo (em boca do social-liberal Hobson esta ladainha sobre a "cegueira" dos imperialistas é mais apropriada que na do "marxista" Kautsky) é a despreocupação com que Grã Bretanha, França e outras nações imperialistas se lançam nesse caminho. Grã Bretanha foi mais longe do que outro país qualquer. A maior parte das batalhas por meio das quais conquistamos o nosso império da Índia, foram mantidas pelas nossas tropas indígenas. Na Índia, e ultimamente no Egito, grandes exércitos permanentes foram mandados por ingleses; quase todas as guerras de conquista na África, a exceção da parte do Sul, foram levadas a cabo, para nós, pelos indígenas.
A perspectiva da partilha da China deu lugar à seguinte apreciação econômica de Hobson:
A maior parte da Europa Ocidental poderia adquirir então o aspecto e o caráter que tem atualmente certos lugares destes países: o Sul da Inglaterra, a Riviera, as regiões da Itália e da Suíça mais freqüentadas pelos turistas e povoadas por ricaços, quer dizer, pequenos grupos de ricos aristocratas, que recebem dividendos e pensões do Longínquo Oriente, um grupo um pouco mais numeroso de empregados profissionais e de comerciantes e, um número mais importante de criados e operários ocupados nos transporte e na indústria dedicada ao acabamento dos artigos manufaturados. Quanto aos ramos principais da indústria desapareceriam e os produtos alimentícios de grande consumo, os artigos semimanufacturados de uso corrente afluiriam, como um tributo, da Ásia e de África...
Eis as possibilidades que abre perante nós uma aliança mais vasta dos Estados ocidentais: uma federação européia das grandes potências; dita federação não só não faria avançar a civilização mundial, como podia implicar um perigo gigantesco de parasitismo ocidental: formar um grupo das nações industriais avançadas, cujas classes superiores receberiam imensos tributos da Ásia e de África, por meio dos quais manteriam grandes massas domesticadas de empregados e servidores, ocupados não já na produção agrícola e industrial de grande consumo, mas em emprestar serviços pessoais ou realizar um trabalho industrial secundário, sob o controle de uma nova aristocracia financeira. Que os que estejam dispostos a rejeitar esta teoria (devia dizer-se: perspectiva), como pouco digna de atenção, reflitam sobre as condições econômicas e sociais das regiões do Sul de Inglaterra que se acham já nesta situação. Que pensem nas enormes proporções que podia adquirir o dito sistema se a China fosse submetida ao controle econômico dos tais grupos financeiros, de "investidores de capital" (rendistas), dos seus funcionários políticos e empregados comerciais e industriais que extraíram benefícios do mais grande depósito potencial que jamais conheceu o mundo, com objeto de consumir os ditos benefícios na Europa. Naturalmente, a situação é excessivamente complexa, o jogo das forças mundiais é demasiado difícil de calcular para que seja muito verossímil essa ou outra previsão do futuro numa única direção. Mas as tendências que dominam o imperialismo da Europa Ocidental no presente orientam-se para essa direção e, se não acharem resistência, se não forem desviadas para outra direção, orientaram nesse sentido a consumação do processo.
O social-liberal Hobson não vê que esta "resistência" só pode opô-la o proletariado revolucionário, e somente sobre a forma de uma revolução social. Não por acaso é um social-liberal! Mas já em 1902 abordava admiravelmente tanto o problema do significado dos "Estados Unidos da Europa" (saiba-o o kautskiano Trotski!) como também de tudo que tratam de dissimular os kautskianos hipócritas de diversos países, a saber: que os oportunistas (social-chauvinistas) colaboram com a burguesia imperialista precisamente para formar uma Europa imperialista sobre os ombros da Ásia e de África; que os oportunistas são, objetivamente, uma parte da pequena burguesia e de algumas camadas da classe operária, parte subornada com os superlucros imperialistas, convertida em cães de guarda do capitalismo, em elemento corruptor do movimento operário.
Mais de uma vez, e não só em artigos, mas em resoluções do nosso Partido, temos assinalado esta relação econômica, a mais profunda, precisamente entre a burguesia imperialista e o oportunismo, que agora (será por muito tempo?) venceu o movimento operário. Disto deduzia-nos, entre outras coisas, que é inevitável a cisão com o socialchauvinismo. Os nossos kautskianos preferiram contornar este problema! Mártov, por exemplo, já nas suas conferências, recorria ao sofisma que se expressou do modo seguinte no Boletim do Secretariado no Estrangeiro do Comitê de Organização[9] (num. 4, do 10 de Abril de 1916):
. . . a situação da social-democracia revolucionária seria muito ruim, inclusive desesperada, se os grupos de operários, que pelo seu desenvolvimento espiritual estão mais perto dos "intelectuais", e são os mais qualificados, a abandonassem fatalmente para passarem ao oportunismo . . .
Empregando a palavra tola "fatalmente" e com um pouco de "truque", ignora-se o fato de que certas camadas operárias passaram para o oportunismo e para a burguesia imperialista! E este é o fato que os sofistas do Comitê de Organização querem evitar! Confinam-se ao "otimismo oficial" de que agora gaba-se tanto o kautskiano Hilferding como muitos outros, dizendo que: as condições objetivas garantem a unidade do proletariado e a vitória da tendência revolucionária!, Nós somos "otimistas" no que diz respeito ao proletariado!
E, na realidade, todos estes kautskianos, Hilferding, os partidários do CO, Mártov e Cia. são otimistas . . . no que diz respeito ao oportunismo. Este é toda a questão!
O proletariado é fruto do capitalismo, mas do capitalismo mundial, e não só do europeu, não só do imperialista. Em escala mundial, cinqüenta anos antes ou cinqüenta anos depois -- em tal escala isto é um problema secundário --, o "proletariado", naturalmente, "chegará" à unidade e nele triunfará "ineludivelmente" a social-democracia revolucionária. Mas esse não é o ponto, senhores kautskianos, senão de que vocês, agora, nos países imperialistas da Europa, se prostram como lacaios perante os oportunistas, que são estranhos ao proletariado como classe, que são servidores, agentes e veículos da influência da burguesia e, se não se livrar deles, o movimento operário continuará a ser um movimento operário burguês. Ao advogar a "unidade" com os oportunistas, com os Legien e os David, os Plekhánov e os Chjenkeli, os Potrésov, etc., estão, objetivamente, defendendo a escravidão dos operários pela burguesia imperialista através dos seus melhores agentes no movimento operário. A vitória da social-democracia revolucionária em escala mundial é absolutamente inevitável, mas marcha e marchará, avança e avançará só contra vocês, será uma vitória sobre vocês.
As duas tendências, inclusive os dois partidos do movimento operário contemporâneo, que tão claramente se tem cindido em todo o mundo em 1914-1916, foram observadas por Engels e Marx na Inglaterra durante várias décadas, aproximadamente entre 1858 e 1892.
Nem Marx nem Engels viveram para ver a época imperialista do capitalismo mundial, que só se inicia entre 1898 e 1900. Porém já em meados do século XIX, era característica da Inglaterra a presença, pelo menos, de dois principais traços distintivos do imperialismo: 1) imensas colônias e 2) ganhos monopolistas (a conseqüência do seu monopólio sobre o mercado mundial). Em ambos os sentidos, Inglaterra representava então uma exceção entre os países capitalistas, e Engels e Marx, analisando esta exceção, indicavam em forma completamente clara sua relação com a vitória (temporária) do oportunismo no movimento operário inglês.
Numa carta a Marx, do 7 de Outubro de 1858, escrevia Engels:
O proletariado inglês está se aburguesando, de fato, cada dia mais; e parece que esta nação, a mais burguesa de todas, aspira chegar a ter, ao lado da burguesia, uma aristocracia burguesa e um proletariado burguês. Naturalmente, por parte de uma nação que explora o mundo inteiro, isto é, até certo ponto, lógico".
Numa carta a Sorge, datada a 21 de Setembro de 1872, Engels comunica que Hales promoveu no Conselho Federal da Internacional um grande escândalo, logrando um voto de censura contra Marx pelas suas palavras de que "os líderes operários ingleses se venderam”. Marx escreve a Sorge em 4 de Agosto de 1874:
Quanto aos operários urbanos daqui (Inglaterra), é de lamentar que todo o bando de líderes não tenha ido ao Parlamento. Seria o caminho mais seguro para libertar-se dessa escória.
Numa carta a Marx, de 11 de Agosto de 1881, Engels fala das piores tradeunions inglesas, que permitem que as dirija gente vendida à burguesia, ou, pelo menos, paga por ela.
Numa carta a Kautsky, de 12 de Setembro de 1882, escrevia Engels:
Pergunta-me você: o que é que pensam os operários ingleses acerca da política colonial? O mesmo que pensam da política em geral. Aqui não há um partido operário, só há conservadores e radicais liberais, e os operários aproveitam-se com eles, com a maior tranqüilidade, do monopólio colonial da Inglaterra e do seu monopólio no mercado mundial.
A 7 de Dezembro de 1889, escrevia Engels a Sorge:
... O mais repugnante aqui (na Inglaterra) é a respectability (respeitabilidade) burguesa que penetra na carne e no sangue dos operários...; até o próprio Tom Mann, a quem considero o melhor de todos eles, gosta de mencionar que haverá de comer com o Lord Mayor. Basta compará-los com os franceses para se convencer de até que ponto neste aspecto influi saudavelmente a revolução.
Noutra carta, do 19 de Abril de 1890:
O movimento (da classe operária na Inglaterra) avança abaixo da superfície, abarca setores cada vez mais amplos que, na maioria dos casos, pertencem à massa mais inferior (sublinhado por Engels), inerte até agora; e não está longe o dia em que esta massa encontre a si mesma, em que veja claro que é ela mesma, precisamente, esta colossal massa em movimento. [10]
Em 4 de Março de 1891:
"o revés do fracassado sindicato dos operários do porto, as 'velhas' tradeunions conservadoras, ricas e por isso mesmo covardes, ficam sós no campo de batalha"...
Em 14 de Setembro de 1891: no Congresso das tradeunions, celebrado em Newcastle, são derrotados os velhos tradeunionistas, inimigos da jornada de 8 horas, "e os jornais burgueses reconhecem a derrota do partido operário burguês " (todos os sublinhados por Engels)...[11]
Que estas idéias, repetidas por Engels durante décadas inteiras, também foram expressadas por ele publicamente, na imprensa, prova-o o seu prólogo à segunda edição d’A situação da classe operária em Inglaterra (1892).[12] Fala aqui de uma "aristocracia no seio da classe operária", de uma "minoria privilegiada de operários" frente "à grande massa operária". "uma pequena minoria, privilegiada e protegida", da classe operária é a única que obteve "prolongadas vantagens" da situação privilegiada da Inglaterra em 1848-1868, enquanto "a grande massa, no melhor dos casos, só gozava de breves melhorias"... "Quando queda do monopólio industrial de Inglaterra, a classe operária inglesa perderá a sua situação privilegiada"... Os membros das "novas" tradeunions, os sindicatos de operários não qualificados, tem uma enorme vantagem: a sua mentalidade é ainda um terreno virgem, absolutamente isento dos 'respeitáveis' preconceitos burgueses herdados, que transtornam as cabeças dos 'velhos tradeunionistas' melhor situados...
Na Inglaterra fala-se "dos chamados representantes operários" referindo-se a gentes a quem "não se desculpa nem a sua qualidade de pertencer à classe operária por eles mesmos estarem dispostos a afogar esta qualidade no oceano do seu liberalismo..."
Citamos deliberadamente as declarações diretas de Marx e Engels em forma bastante extensa, para os leitores poderem estudá-las em conjunto. É imprescindível estudá-las e vale a pena que se reflita atentamente sobre elas. Porque são a chave da tática imposta ao movimento operário pelas condições objetivas da época imperialista.
Também aqui Kautsky tem tentado "turvar a água" e substituir o marxismo por uma doce conciliação com os oportunistas. Polemizando com os social-imperialistas confessos e cândidos (como Lensch), que justificam a guerra por parte da Alemanha, como destruição do monopólio da Inglaterra, Kautsky "corrige" esta evidente falsidade com outra falsidade igualmente clara. Em lugar de uma falsidade cínica, coloca uma falsidade doce! O monopólio industrial da Inglaterra, diz ele, há muito tem sido quebrado, destruído: não é necessário nem há por que destruí-lo.
Por que é falso este argumento?
Em primeiro lugar, ignora o monopólio colonial de Inglaterra. E Engels, como vimos, já em 1882, há 34 anos, indicava-o com toda a clareza! Se o monopólio industrial de Inglaterra foi desfeito, o seu monopólio colonial não só se mantém, como recrudesceu extraordinariamente, porque todo o mundo está já repartido! Com as suas doces mentiras, Kautsky fai passar de contrabando a idéia pacifista-burguesa e oportunista-pequenoburguesa de que "não há por que fazer a guerra", pelo contrário, os capitalistas não só tem agora motivo para fazer a guerra, mas é impossível não fazê-la se querem conservar o capitalismo, porque sem uma nova divisão das colônias pela força, os novos países imperialistas não poderão obter os privilégios de que desfrutam as potências imperialistas mais velhas (e menos fortes).
Em segundo lugar, por que o monopólio de Inglaterra explica a vitória (temporária) do oportunismo neste país? Porque o monopólio provê superlucros, quer dizer, um excesso de ganhos acima dos lucros normais, ordinários do capitalismo em todo o mundo. Os capitalistas podem gastar uma parte destes superlucros (inclusive uma parte não pequena!) para subornar os seus próprios operários, criando algo assim como uma aliança (recordem-se as famosas "alianças" das tradeunions inglesas com os seus amos descritas pelos Webb), aliança dos operários de um país dado, com os seus capitalistas contra os países restantes. A finais do século XIX, o monopólio industrial da Inglaterra estava já desfeito. Isto é indiscutível. Mas, como se produziu essa destruição? Ela teria levado ao desaparecimento de todo o monopólio?
Se assim fosse, a "teoria" de Kautsky da conciliação (com o oportunismo) estaria até certo ponto justificada. Mas não é esse o caso. O imperialismo é o capitalismo monopolista. Cada cartel, cada truste, cada sindicato, cada Banco gigantesco é um monopólio. Os superlucros não desapareceram, prosseguem. A exploração por um país privilegiado, financeiramente rico, de todos os restantes, continua e é ainda mais intensa. Um punhado de países ricos —são ao todo quatro, se tiver em conta uma riqueza independente e verdadeiramente gigantesca, uma riqueza "contemporânea: Inglaterra, França, os Estados Unidos e a Alemanha— estenderam os monopólios em proporções inabarcáveis, obtém centenas, se nãomilhares de milhões de superlucros, "vive sobre as costas" de centenas e centenas de milhões de homens de outros países, e luta entre si pela divisão de um botim do mais suntuoso, do mais gordo, do mais fácil.
Nisto consiste precisamente a essência econômica e política do imperialismo, cujas profundas contradições Kautsky oculta em vez de revelar.
A burguesia de uma "grande" potencia imperialista pode economicamente subornar as camadas superiores dos "seus" operários, dedicando a tal alguma centena de milhões de francos por ano, uma vez que os seus superlucros se elevam provelmente a cerca de bilhões. E a questão de como se reparte essa pequena migalha entre os ministros operários, os "deputados operários" (lembrai a esplêndida análise que deste conceito fai Engels), os operários que fam parte dos Comitês da Indústria Armamentista[13], os funcionários operários, os operários organizados em sindicatos de caráter estreitamente corporativas, os empregados de escritórios, etc., etc., esta é uma questão secundária.
Desde 1848 a 1868, e em parte depois, Inglaterra era o único país monopolista; por isso pode vencer lá, por decênios, o oportunismo; não havia mais países com riquíssimas colônias nem com monopólio industrial.
O último terço do século XIX é um período de transição para uma nova época, para a época imperialista. O capital financeiro desfruta do monopólio não só de uma grande potência, mas de várias, apesar de muito poucas. (No Japão e na Rússia, o monopólio da força militar, de um território imenso ou de facilidades especiais para despojar os povos alógenos, a China, etc., completa e em parte substitui o monopólio do capital financeiro mais moderno.) Desta diferença se deduz que o monopólio da Inglaterra pode ser incontestável durante décadas. Em troca, o monopólio do capital financeiro atual é furiosamente contestado; começou a época das guerras imperialistas. Antes se podia subornar, corromper durante decênios a classe operária de um país. Agora isto é inverossímil, senão impossível. Mas, em troca, cada "grande" potência imperialista pode subornar e suborna camadas mais reduzidas (que na Inglaterra entre 1848 e 1868) da "aristocracia operária". Anteriormente um "partido operário burguês”, para usar a extraordinariamente profunda expressão de Engels, só poderia se surgir num país, porque só ele dispunha do monopólio, mas, por outro lado, poderia existir por um longo tempo. Agora, um "partido operário burguês" é inevitável e típico em todos os países imperialistas, mas, tendo em conta a desesperada luta destes pelo divisão do botim, não é provável que semelhante partido triunfe por longo tempo numa série de países. Para os trustes, a oligarquia financeira, a carestia, etc., permitem corromper um pequeno grupo da aristocracia operária e cada vez mais esmagar, oprimir, sufocar, martirizar, mais e mais a massa de proletários e semiproletários.
Por uma parte, esta tendência da burguesia e dos oportunistas para converterem o punhado de nações mais ricas, privilegiadas, em "eternas" parasitas sobre o corpo do resto da humanidade, a "dormir sobre os louros" da exploração de negros, hindus, etc., tendo-os sujeitos por meio do militarismo moderno, provento de uma magnífica técnica de extermínio. Por outra parte, está a tendência das massas, mais oprimidas que antes, que suportam todas as calamidades das guerras imperialistas, para sacudir seu jugo e derrubar a burguesia. A história do movimento operário desenvolverá-se agora, inevitavelmente, na luta entre estas duas tendências, pois a primeira tendência não é casual, senão que tem um "fundamento" econômico. A burguesia deu já a luz, criou e assegurou para si "partidos operários burgueses" de social-chauvinistas em todos os países. Carecem de importância as diferenças entre um partido oficialmente formado, como o de Bissolati na Itália, por exemplo, partido totalmente social-imperialista, e o quase-partido, meio formado, dos Potrésov, Gvózdiev, Bulkin, Chjeídze[15], Skóbeliev e Cia. O importante é que, do ponto de vista econômico, amadureceu e consumou-se a passagem de uma camada da aristocracia operária para a burguesia, pois este fato econômico, este deslocamento nas relações entre as classes, achará sem grande "dificuldade" uma ou outra forma política.
Sobre a indicada base econômica, as instituições políticas do capitalismo moderno -imprensa, parlamento, sindicatos, congressos, etc.- criaram privilégios e dádivas políticas, correspondentes aos econômicos, para os empregados e operários respeitosos, mansos, reformistas e patriotas. A burguesia imperialista atrai e premia os representantes e partidários dos "partidos operários burgueses" com lucrativos e tranqüilos cargos no governo ou no Comitê de Indústrias de Guerra, no parlamento e em diversas comissões, nas redações de jornais legais "sérios" ou na direção de sindicatos operários não menos sérios e "obedientes à burguesia".
Neste mesmo sentido é que age o mecanismo da democracia política. Nos nossos dias não se pode passar sem eleições; nem nada se pode fazer sem as massas, mas na época da imprensa e do parlamentarismo é impossível levar atrás de si as massas sem um sistema amplamente ramificado, metodicamente aplicado, solidamente organizado de adulações, de mentiras, de fraudes, de malabarismo com palavras populares e da moda, de promessas a torto e a direito, de toda a espécie de reformas e benefícios a favor dos operários, desde que renunciem à luta revolucionária para derrubar a burguesia. Eu chamaria este sistema lloydgeorgismo, pelo nome de um dos seus representantes mais eminentes e hábeis deste sistema no país clássico do "partido operário burguês", o ministro inglês Lloyd George. Negociante burguês de primeira classe e político astuto, orador popular, capaz de pronunciar toda a classe de discursos, inclusive revolucionários, ante um auditório operário; capaz de conseguir, para os operários dóceis, dádivas apreciáveis como são as reformas sociais (seguros, etc.), Lloyd George serve admiravelmente a burguesia[14] e serve-a precisamente entre os operários, estendendo a sua influência precisamente no seio do proletariado, onde lhe é mais necessário e mais difícil submeter moralmente as massas.
Mas é tanta a diferença entre Lloyd George e os Scheidemann, os Legien, os Hendersons, os Hyndmans, os Plekhanovs, os Renaudels e Cia.? Nos questionaram que destes últimos, alguns voltaram ao socialismo revolucionário de Marx. É possível, mas esta é uma diferença insignificante em proporção, se considerarmos o problema em escala política, quer dizer, no seu aspecto de massas. Alguns dos atuais líderes social-chauvinistas podem voltar ao proletariado. Mas a corrente social-chauvinista ou (o que é o mesmo) oportunista não pode desaparecer nem "voltar" ao proletariado revolucionário. Onde o marxismo é popular entre os operários, esta corrente política, este "partido operário burguês", invocará Marx e jurará em seu nome. Não se lhe pode proibir, como não se pode proibir a uma empresa comercial que empregue qualquer etiqueta, qualquer rótulo, qualquer anúncio. Na história tem sucedido sempre que, depois de mortos os chefes revolucionários cujos nomes são populares nas classes oprimidas, os seus inimigos tentam tomar posse deles para enganar estas classes.
É um fato que em todos os países capitalistas avançados se constituíram "partidos operários burgueses", como fenômeno político, e que sem uma luta enérgica e sem piedade, em toda a linha, contra esses partidos - ou grupos, correntes, etc., são todos o mesmo – não se pode nem falar de luta contra o imperialismo, nem de marxismo, nem de movimento operário socialista. A fração de Chjeídze, Nashe Dielo[16] e Golos Trudá[17] na Rússia, e os partidários do CO no estrangeiro, não são senão uma variante de um destes partidos. Não temos nem de longe fundamento para julgar que estes partidos possam desaparecer antes da revolução social. Ao contrário, quanto mais perto estiver essa revolução, quanto mais poderosamente surgir, quanto mais bruscos e fortes forem as transições e os pulos no processo do seu desenvolvimento, tanto maior será o papel que desempenha no movimento operário a luta da corrente revolucionária, de massas, contra a corrente oportunista, pequeno-burguesa. O kautskismo não é nenhuma tendência independente, pois não tem raízes nem nas massas nem na camada privilegiada que passou à burguesia. Mas o perigo que entranha o kautskismo consiste em que, utilizando a ideologia do passado, se esforça por conciliar o proletariado com o "partido operário burguês", por manter a sua unidade com este último e erguer de tal modo o prestígio do dito partido. As massas não seguem já os social-chauvinistas descarados: Lloyd George foi vaiado na Inglaterra em assembléias operárias, Hyndman abandonou o partido; os Renaudel e os Scheidemann, aos Potrésov e os Gvózdiev são protegidos pela polícia. Nada é mais perigoso que a defesa encoberta que os kautskianos fazem dos social-chauvinistas.
Um dos sofismas mais difundidos pelo kautitskismo é a referência às massas. Nós, dizem eles, não queremos cortar-nos das massas e das organizações de massas! Porém observe-se como expõe Engels esta questão. As "organizações de massas", as tradeunions inglesas estiveram no século XIX ao pé do partido operário burguês. E nem por isso se conformaram Marx e Engels com este partido, mas desmascara-lo. Não esqueciam, em primeiro lugar, que as organizações das tradeunions abrangem, em forma imediata, uma minoria do proletariado. Na Inglaterra como agora na Alemanha esta não organiza mais de uma quinta parte do proletariado. Ninguém pode pensar seriamente na possibilidade de organizar a maioria dos proletários sob o capitalismo. Em segundo lugar -e este é o ponto principal-, não se trata tanto do número de membros de uma organização, como do sentido real, objetivo, da sua política: a sua política representa as massas, serve as massas, quer dizer, serve para libertá-las do capitalismo, ou representa os interesses de uma minoria, a sua conciliação com o capitalismo? É precisamente esta última conclusão, que era a verdade na Inglaterra do século XIX, e é a verdade hoje em dia na Alemanha, etc.
Engels diferencia o "partido operário burguês" as velhas tradeunions, da minoria privilegiada, a "massa inferior", a “verdadeira maioria” e apela para ela, que não está contaminada de "respeitabilidade burguesa". Essa é a essência da tática marxista!
Nem nós nem ninguém pode calcular exatamente que parte do proletariado segue e vai seguir os social-chauvinistas e oportunistas. Isso será revelado apenas pela luta, e só a revolução socialista decidirá definitivamente. Mas o que sim sabemos com certeza é que os "defensores da pátria" na guerra imperialista só representam uma minoria. E por isto, se quisermos continuar a ser socialistas, o nosso dever é irmos mais abaixo e mais ao fundo, às verdadeiras massas: Nisto está o sentido da luta contra o oportunismo e todo o conteúdo desta luta. Ao mostrar o fato que os oportunistas e os social-chauvinistas traem e vendem os interesses das massas, que defendem privilégios passageiros de uma minoria operária, que são veículos de idéias e influências burguesas, que, na realidade, são aliados e agentes da burguesia, deste modo ensinaremos às massas a compreender quais são os seus verdadeiros interesses políticos, a lutar pelo socialismo e pela revolução, através de todas as vicissitudes longas e dolorosas peripécias das guerras imperialistas e dos armistícios imperialistas.
A única linha marxista no movimento operário mundial consiste em explicar as massas que a cisão com o oportunismo é inevitável e imprescindível, em educá-las em uma luta desapiedada contra ele, em aproveitar a experiência da guerra para desmascarar todas as infâmias da política liberal-nacionalista, e não para encobri-las. No artigo seguinte trataremos de resumir os principais traços distintivos desta linha, em contraposição ao kautskismo.

NOTAS
1. Panamá (francesa): grande fraude numa empresa capitalista surgida em 1892-1893 na França, ligada a abusos e ao suborno de ativistas estatais, funcionários e jornais. Esta palavra adquiriu tal significação por ser uma companhia francesa a que iniciou as obras de abertura do canal de Panamá e dos enormes abusos por ela cometidos.

2. Veja-se C. Marx, O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte.

3. "O imperialismo é um produto do capitalismo industrial altamente desenvolvido. Consiste na tendência de toda nação capitalista industrial a submeter e anexar cada vez mais regiões agrárias sejam quais forem os povos que as habitam" (veja-se Kautsky, Die Neue Zeit, II. IX. 1914).

4. Kommunist: revista organizada por Lenine, que em 1915 editou em Genebra a Redação de Sotsial-Demokrat. Apareceu um número (duplo) em que se inseriam três artigos de Lenine; "A bancarrota da II Internacional", "A voz honrada de um socialista francês" e "Imperialismo e socialismo em Itália".

5. No seio da redação da revista, Lenine combateu contra o grupo de Bukharin-Piatakov, hostil ao Partido, denunciando as suas concepções antibolcheviques e as suas tentativas de utilizar a revista com móveis fracionalistas. Considerando a posição deste grupo, contrária ao Partido, Lenine propôs à Redação de Sotsial-Demokrat romper com ele e cessar a publicação conjunta da revista. Em Outubro de 1916, a Redação do jornal começou a editar su Sbórnik Sotsial-Demokrata.

6. Spektator: economista russo M. I. Nagimson.

7. Comitê de Organização (CO), (OK em russo, os seus membros denominavam-se okistas): centro dirigente dos mencheviques; formou-se na Conferência de Agosto dos mencheviques liquidacionistas e de todos os grupos e tendências contrárias ao Partido; cessou as suas atividades após a eleição do CC do Partido menchevique em Agosto de 1917. Durante a Primeira Guerra Mundial, o CO tomou uma posição social-chauvinista.
8. J. A. Hobson: Imperialismo, Londres, 1902.
9. Boletim do Secretariado no Estrangeiro do Comitê de Organização ("Izvestia Zagraníchnogo Sekretariata O.K."): jornal menchevique publicado de Fevereiro de 1915 a Março de 1917 na Suíça; 10 números em total.
10. Veja-se a carta de F. Engels a F. Sorge de 19 de Abril de 1890.
11. Ibid., do 4 de Março e do 14 de Setembro de 1891.
12. Veja-se C. Marx e F. Engels, Obras Completas, t. XXII.
13. Os Comitês da Indústria Armamentista foram criados em 1915 na Rússia pola grande burguesia imperialista para ajudar o tsarismo na guerra. Tratando de submeter os operários à sua influência e de incutir-lhes idéias nacional-defensistas, a burguesia ideou a organizassem de "grupos operários" anexos desses comitês. À burguesia convinha que nesses grupos houvesse representantes dos operários, encarregados de fazerem propaganda entre as massas operárias em prol de uma maior produtividade do trabalho nas fábricas de materiais militares. Os mencheviques participaram ativamente nesta empresa pseudopatriótica da burguesia. Os bolcheviques declararam o boicote aos comitês da indústria armamentista e aplicaram-no eficazmente com o apoio da maioria dos operários.

14. Há pouco li numa revista inglesa um artigo de um adversário político de Lloyd George: Lloyd George do ponto de vista de um conservador. A guerra abriu os olhos a este adversário, fazendo-lhe ver que magnífico servidor da burguesia é Lloyd George! E os conservadores reconciliaram-se com ele!

15. Fração de Chjeídze: fração menchevique na IV Duma de Estado, dirigida por N. Chjeídze, na qual ocuparam sete assentos delegados-liqüidacionistas dos social-democratas.

16. Nashe Dielo ("A Nossa Causa"): Revista menchevique do liqüidacionismo, órgão principal dos social-chauvinistas na Rússia; apareceu em 1915 em Petersburgo em lugar da revista Nasba Zariá, clausurada em Outubro de 1914.

17. Golos Truda ("A Voz do Trabalho"): jornal menchevique legal editado em 1916 em Samara após ao fechamento do jornal Nash Golos ("A Nossa Voz").

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