Pular para o conteúdo principal

Marx e o Centralismo*

V.I. Lenin

[...]

Marx afasta-se, ao mesmo tempo, de Proudhon e de Bakunine precisamente na questão do federalismo (não falando na ditadura do proletariado). O federalismo deriva, em principio, do ponto de vista pequeno-burguês do anarquismo. Marx é centralista, e, em todas as passagens dele citadas, não se pode encontrar a menor infidelidade ao centralismo. Só as pessoas imbuídas de uma "fé supersticiosa" no Estado é que podem tomar a destruição da máquina burguesa como destruição do centralismo.
Ora, se o proletariado e os camponeses mais pobres se apossam do poder político, organizando-se livremente em comum e coordenando a ação de todas as comunas para ferir o Capital, destruir a resistência dos capitalistas, restituir a toda a nação, à sociedade inteira, a propriedade privada das estradas de ferro, das fábricas, da terra, etc., não será isso centralismo? Não será isso o centralismo democrático mais lógico e, ainda melhor, um centralismo proletário? Bernstein não concebe um centralismo voluntário, uma união voluntária das comunas em nação, uma fusão voluntária das comunas proletárias com o fito de destruir a dominação burguesa e a máquina de Estado burguesa. Bernstein, como bom filisteu, imagina o centralismo como qualquer coisa que, vinda de cima, só pode ser imposta e mantida pelo funcionalismo e o militarismo.
Como prevendo que poderiam deturpar a sua doutrina, Marx acentua que é cometer conscientemente uma fraude acusar a Comuna de ter querido destruir a unidade da nação e suprimir o poder central. Marx emprega intencionalmente esta expressão: "organizar a unidade da nação", para opor o centralismo proletário, consciente, democrático, ao centralismo burguês, militar, burocrático.

* Extrato do Capítulo III “A Experiência da Comuna de Paris - Análise de Marx” do livro O Estado e a Revolução, disponível em: http://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/08/estadoerevolucao/index.htm

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme: Terra e Liberdade

Sem dúvida um dos melhores filmes sobre a Guerra Civil Espanhola, "Terra e Liberdade" tem como diretor Ken Loach que já dirigiu outros belos filmes como "Ventos da Liberdade" sobre a luta pela independência da Irlanda em 1920. Adaptação do livro Lutando na Espanha de George Orwell que narra sua participação na Guerra Civil Espanhola, o do filme mostra a história de David Carr (Ian Hart), um desempregado londrino membro do Partido Comunista da Grã-Bretanha. David deixa a cidade de Liverpool e ruma a Espanha, justamente para participar da guerra lutando ao lado dos republicanos. A história é vista através das descobertas feitas por sua neta. Ela encontra cartas, jornais, documentos e um punhado de terra em seu quarto, após sua morte. E toda a história de Carr vai sendo reconstruída através da leitura destes escritos descobertos pela neta (Suzanne Maddock), e assim, há uma reconstrução de parte da História da Guerra Civil. Ficha Técnica: Gênero: Drama/Guerra

Burgueses e proletários[i] - Marx e Engels

Trecho do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels, disponível em: http://www.marxists.org/portugues/marx/index.htm A história de toda sociedade [ii] existente até hoje tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de corporação e aprendiz, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou pela transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta. Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, aprendizes, servos; e, em cada uma destas classes, outras camadas subordinadas. A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruí­nas

A ORDEM SOCIAL CAPITALISTA

Capitulo I do livro "ABC DO COMUNISMO" obra dos dois dirigentes e teóricos de economia do Partido Bolchevique russo, foi escrita em 1919 para ser usada nos cursos básicos do partido. Disponível em: http://www.marxists.org/portugues/bukharin/index.htm N. Buckarin[1] e E. Preobrazhenski[2] A produção de mercadorias Quando examinamos como se desenvolve a produção numa ordem social capitalista, vemos que, antes de tudo, aí se produzem mercadorias . “Que há nisto de especial?” poderiam perguntar. O que há de especial é que a mercadoria não é um produto qualquer, mas um produto que se destina ao mercado . Um produto não é uma mercadoria, desde que seja feito para atender à nossa própria necessidade. Quando o camponês semeia o seu trigo, depois de o colher e de o debulhar, mói o grão e fabrica o pão para si mesmo, tal pão não é uma mercadoria, é simplesmente pão. Só se tornará mercadoria quando vendido e comprado, isto é, quando for produzido para o comprador, para o merc