Pular para o conteúdo principal

Carta à Maioria do Comitê Nacional

Leon Trotsky 26 de Dezembro de 1939
Primeira Edição: Leon Trotsky, In Defense of Marxism, New York 1942.
Fonte: "Em Defesa do Marxismo", publicação da Editora "Proposta Editorial"
Tradução: Luís Carlos Leiria e Elisabeth Marie
Transcrição: Icaro Daniel Petter
HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: © Editora Proposta Editorial. Agradeçemos a Valfrido Lima pela autorização concedida.
Coyoacán (México)
Até agora, eu estava favorável à publicação da discussão no Socialist Appeal e no New lnternational, mas reconheço que os argumentos que utilizam são muito sérios, especialmente em relação aos argumentos do camarada Burnham.
O New lnternational e o Socialist Appeal, não são instrumentos de discussão sob o controle de um comitê especial de discussão, mas instrumentos do Partido e seu Comitê Nacional. No boletim de discussão, a oposição pode pedir os mesmos direitos da maioria, mas as publicações oficiais do partido têm o dever de defender o ponto de vista do Partido e da Quarta Internacional, até que seja mudado. Uma discussão nas páginas das publicações oficiais do partido só pode ser levada a cabo dentro dos limites marcados pela maioria do Comitê Nacional. Isto é, por si só, tão evidente que não necessita argumentos.
Certamente que as garantias jurídicas permanentes para a minoria não são copiadas da experiência bolchevique. Mas também não são um invento do camarada Burnham; o Partido Socialista Francês teve durante muito tempo tais garantias constitucionais, que correspondem completamente ao espírito de invejosas camarilhas literárias e parlamentares, mas que nunca impediram a submissão dos operários à coalizão dessas camarilhas.
A estrutura organizativa da vanguarda proletária deve se subordinar às exigências positivas da luta revolucionária, e não às garantias negativas contra sua degeneração. Se o Partido não estiver apto às necessidades da revolução socialista, degenerará, apesar das mais doutas estipulações jurídicas. No terreno organizativo, Burnham mostra uma total falta de concepção revolucionária de Partido, como demonstrou no campo político, no problema — pequeno, mas muito significativo — do Comitê Dies(1). Em ambos os casos propõem uma atividade puramente negativa, assim como na questão do Estado Soviético deu uma definição puramente negativa. Não é suficiente aborrecer a sociedade capitalista (uma atitude negativa), é necessário aceitar todas as conclusões práticas de uma concepção de revolução social. E este é o caso do camarada Burnham.
Minhas conclusões práticas?
Primeiro, é necessário condenar oficialmente, diante do Partido, a tentativa de destruir a linha partidária, colocando a programa do partido no mesmo nível que qualquer inovação não aceita pelo partido.
Em segundo lugar, se o Comitê Nacional acha necessário dedicar um número do New lnternational à discussão (não proponho isso para agora), deve fazê-lo de tal forma que o leitor veja onde está a posição do Partido e onde está a tentativa de revisão, e que a última palavra seja da maioria e não da oposição.
Terceiro, se os boletins internos não são suficientes, poderia se publicar uma coleção especial de artigos dedicados aos temas da ordem do dia do Congresso.
A mais completa lealdade na discussão, mas nenhuma concessão ao espírito pequeno-burguês e anarquista, por mínima que seja!W. RORK (Leon Trotsky)
Coyoacán (México)
Notas:(1) Comitê Dies: comitê parlamentar “sobre atividades anti-americanas”, presidido por Dies, convidou Trotsky para assistir uma sessão do comitê em Austin (Texas) como testemunha. Trotsky aceitou, mas finalmente Dies voltou atrás. Nas discussões sobre este tema, Burnham se opunha à presença de Trotsky na sessão do comitê.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme: Terra e Liberdade

Sem dúvida um dos melhores filmes sobre a Guerra Civil Espanhola, "Terra e Liberdade" tem como diretor Ken Loach que já dirigiu outros belos filmes como "Ventos da Liberdade" sobre a luta pela independência da Irlanda em 1920. Adaptação do livro Lutando na Espanha de George Orwell que narra sua participação na Guerra Civil Espanhola, o do filme mostra a história de David Carr (Ian Hart), um desempregado londrino membro do Partido Comunista da Grã-Bretanha. David deixa a cidade de Liverpool e ruma a Espanha, justamente para participar da guerra lutando ao lado dos republicanos. A história é vista através das descobertas feitas por sua neta. Ela encontra cartas, jornais, documentos e um punhado de terra em seu quarto, após sua morte. E toda a história de Carr vai sendo reconstruída através da leitura destes escritos descobertos pela neta (Suzanne Maddock), e assim, há uma reconstrução de parte da História da Guerra Civil. Ficha Técnica: Gênero: Drama/Guerra...

O que é situação revolucionária?

Extratos do livro Revolução do Século XX - Nahuel Moreno AS DISTINTAS SITUAÇÕES As definições que demos sobre revoluções nos permitem precisar as situações de luta de classes, ou seja, quais condições têm que ocorrer na realidade para que estas revoluções se produzam. A situação não-revolucionária     Como já assinalamos, até a Primeira Guerra Mundial e a eclosão da Revolução Russa de 1917, a época era reformista, não-revolucionária.     A burguesia era cada dia mais rica, mas ao mesmo tempo toda a sociedade era mais rica, tanto nos países capitalistas avançados como em algumas semicolônias privilegiadas como a Argentina.     Apesar de que a burguesia não dava nada de presente aos trabalhadores, quando estes safam à luta podiam ir conquistando o que necessitavam: a jornada de 8 horas, melhores salários, organizações sindicais e partidos operários poderosos e legais. Houve lutas, e muito duras, para conseguir estas conqui...

Leon Trotsky - O que é o Nazismo

Em texto de 1933, Trótski afirma: 'O líder por opção do povo se difere do líder por opção de Deus por ter de abrir o caminho para si, ou ao menos ajudar na conjuntura de eventos que se abrem a ele' Cabeças inocentes pensam que o gabinete da realeza se hospeda no próprio rei, no seu manto de veludo e em sua coroa, nos seus ossos e nas suas veias. Na verdade, o gabinete da realeza é uma inter-relação entre pessoas. O rei é rei apenas porque os interesses e prejuízos de milhões de pessoas são refratados através de sua pessoa. Quando a enchente do desenvolvimento varre estas inter-relações, então o rei aparece apenas como homem deslavado. Aquele que uma vez foi chamado de Alfonso XIII [Rei da Espanha, 1886-1931] poderia elaborar mais disso com experiências próprias.